Definimos nosso fio condutor na questão do ser e no problema da diferença ontológica, tal como formulado por Martin Heidegger, propondo um posicionamento crítico concernente às tendências técnicas e objetivantes presentes na psicologia clínica contemporaneamente. Para tanto, nossa trajetória busca percorrer os principais elementos da obra do filósofo, culminando em uma tentativa de aproximação entre a meditação (Besinnung) e as práticas clínicas psicológicas orientadas na fenomenologia e hermenêutica. Assim, partiremos da analítica existencial de Ser e Tempo rumo ao Seminários de Zollikon, esclarecendo, entrementes, o resgate da noção originária de alétheia, o projeto de desconstrução da ontologia tradicional e a essência do mundo técnico contemporâneo. Consideraremos a meditação na condição de um pensar capaz de nos apontar uma compreensão diferenciada sobre a clínica psicológica. Presente isto, a tomaremos como convite ao estabelecimento de uma nova postura com relação às práticas clínicas, onde a dinâmica psicoterapêutica poderá se manifestar enquanto movimento de apropriação de sentido fomentador e ampliador da liberdade existencial humana.